Dezirée & Lucca Forever

sábado, fevereiro 14

SONETO DA FIDELIDADE- VÍNICIUS DE MORAES




De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento


E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.


"O que me encanta nesse soneto é graça que define o ser “fiel”, uma sentido tão real quanto o que cada um de nós acredita.
É sempre interessante conhecer posicionamentos intelectuais a respeito de determinados valores. Sei que muitos deles são criações sociais, política, culturais.
Mas veja o que Vinicius tão sutilmente fala:
“... Que mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento...”
Ele não fala da impossibilidade, da “cegueira” que muitos defendem no amor. Ao contrário, ele diz que podem existir “encantamentos”, mas o “meu” o que sinto, é o que me sacia.
“... E assim, quando mais tarde me procure” E mesmo que chegue ao fim!

“Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.”

Só quem um dia pode amar com tanta plenitude, compreende a beleza dessas palavras..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário