Ando retomando coisas boas e no
meio delas algumas leituras maravilhosas. É interessante (re)assistir filmes e
livros porque a cada volta, novos olhares nos permitem reflexões diferenciadas
e/ou mais “apuradas”...
Sendo assim retomei a leitura do
livro Amor Líquido de Zigmunt Bauman. Recomendo sua leitura tanto para trabalhos acadêmicos (meu encontro com ele)
como para aqueles que tenham a curiosidade em entender as engrenagens das
relações do mundo moderno sob uma ótica racional, mas estranhamente romântica.
Lê-lo não mudou em nada minha forma de encarar a vida, mas me fez entender e
respeitar ainda mais a minha forma particular de ser. Divido com vocês uma passagem peculiar onde ele explica à
dependência que criamos com o acesso as novas tecnologias e como
ressignificamos a forma de nos comportarmos socialmente. (página 38)
Aos que se mantêm à parte, os
celulares permitem permanecer em contato. Aos que permanecem
em contato, os celulares
permitem manter-se à parte...
Jonathan Rowe nos lembra:
No final da década de 1990, em meio ao boom da alta
tecnologia, passei algumas horas num café na área dos teatros de São
Francisco... Observei uma cena recorrente lá fora.
A mãe está amamentando o bebê. Os garotos estão
beliscando seus bolinhos, em suas cadeiras, com os pés balançando. E lá está o
pai, ligeiramente reclinado sobre a mesa, falando ao celular ... Deveria ser
uma "revolução nas comunicações", e no entanto aqui, no epicentro
tecnológico, os membros dessa família estavam evitando os olhares uns dos
outros (8)
Dois anos depois, Rowe
provavelmente veria quatro celulares em operação em torno da mesa. Os aparelhos
não impediriam que a mãe amamentasse o bebê nem que os garotos beliscassem seus
bolinhos. Mas tornariam desnecessário que eles evitassem olhar-se nos olhos:
àquela altura, de qualquer forma, os olhos já se teriam tornado paredes em
branco — e uma parede em branco não pode sofrer danos por encarar uma outra.
Com tempo suficiente, os celulares treinariam os olhos a olhar sem ver.
By Fênix Forever
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