Dezirée & Lucca Forever

segunda-feira, setembro 29

O TEMPO DA VIDA. A VIDA DO TEMPO




Por Walter Dantas


Senso comum, conclusão cotidiana que sempre escutamos e a nós mesmos aplicamos: “não tenho tempo prá nada”, “o tempo me consome”, “sou escravo do tempo”, “ah, se houvesse tempo pra fazer tudo o que devo”. E assim, vamos correndo a vida. - “Tivesse um pai como o seu, eu reservaria um bocado de tempo pra estar com ele, tomar café da manhã, levá-lo para caminhar, ouvir as suas histórias e viver com ele essa fase da vida a que chegou”. Recebi a “reprimenda” e passei a refletir... Na verdade o tempo é, na medida dos nossos limites, cronológico inexorável e implacável. Segue retilíneo e não dá abrigo a qualquer apelo que o faça mudar do tic-tac do relógio. Esse é o tempo que medimos pelos minutos, horas, dias, anos, séculos. Por ele, nascemos e crescemos e nos tornamos velhos e morremos...Do nascimento à morte, a vida se faz na progressão desse tempo... Quando penso que “Há um tempo pra tudo. Tempo de plantar e tempo de colher” a relação com o tempo assume uma nova ordem e nos leva a pensar no que fazer com o tempo. Passar o tempo, ocupar o tempo, viver o tempo, construir o tempo. Tudo se volta à consciência ou a falta dela sobre o tempo.... O tempo que se pensa fora da ordem cronológica da vida é o tempo das prioridades ou falta delas. É o tempo organizado diante daquilo que pensamos ser importante. Se o importante é “deixar a vida levar”, o tempo se faz no presente do indicativo e se esvai na sucessividade de atos, fatos ou atitudes desconexas com qualquer perspectiva do amanhã. Posso também ter a relação de amanha com o tempo presente. E o tempo se transforma em construção, em plantação em semeadura para tudo o que se pretende colher... No entanto, esse tempo presente se vivido integralmente no ensejo do amanhã pode vir a se tornar futuro do pretérito. Unicamente... Nas prioridades que estabelecemos, flui o tempo que vai se transformando naquilo que denominamos vida. Vivo pacientemente ou assumo uma condução estressada para o veículo dos meus anseios, desejos ou necessidades. Ao físico que reclama o corpo atribuo a carga de meus pensamentos e emoções e com eles gerencio o tempo que se torna vida... E na vida transformado o tempo desenvolvo a minha relação com o mundo que não é qualquer mundo, nem vasto nem de Raimundo. É um mundo meu,daquilo que me cerca, rodeia meu ser, dá noção aos meus pensamentos e estabelece o que penso ser a “razão do meu viver” ou o meu “desengano da vida vivida”... Há o dilema com esse tempo que vida é. No passo do compasso, esse tempo às vezes pára: “STOP, a vida parou ou foi o automóvel?”, pergunta o poeta para enquadrar os momentos em que “o mundo cai”, “o chão foge aos pés”, “o tudo escurece””... E o tempo de ter tempo infinito, porque indefinido, em finito se transforma. E quando não há mais tempo de ter tempo tudo se torna importante, vital, imprescindível. O valor da vida toma outra dimensão e o tempo ganha conotação distinta em nossos corações e mentes. A vida passa como um filme de curta metragem e nos conduz à reflexão do pensar se valeu à pena o tempo vivido... No tempo de pensarmos o tempo e dele tirar o proveito da vida, o que nos resta é nos sabermos gente, que vive porque alguma razão nos faz humanos. E assim, sempre haverá um tempo de refletir, de mudar e pensar no tempo do Eu com os outros. E nesse tempo da vida conseguir o tempo em que exista o espaço para cada Pai, Mãe, Filhos. Para cada pessoa que, em nossa vida, tenha a importância do tempo da vida. E assim o tempo não será apenas meu. No eu, tu e eles, conjugaremos o verbo do tempo vivido na forma plena da vida enquanto tempo houver... E agora me diz: E o seu tempo, como anda?

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